« CATÁLISE - processo em curso » [full movie]
Patricia Santos, diciembre 2015
O video : 43min23
Cada vez mais, em Portugal e um pouco por todo o mundo, emergem grupos de pessoas que se organizam e que sugerem trajetórias complementares ao paradigma vigente, que é regido pela imposição do crescimento económico ilimitado. São estes percursos - pessoais e coletivos, locais, regionais e globais - que surgem em resposta à confluência das crises: ecológica, socioeconómica, cultural, política, e ética; que levaram ao questionamento de origem deste projeto:
Quais são as práticas, aprendizagens e visões das iniciativas que têm vindo a traçar estes caminhos inovadores?
Com o projeto CATALISE - Capacitação para a Transição Local e Inovação Social, fomos à procura dessas estórias de transformação e inovação social, procurando identificar padrões entre a polifonia de discursos, de práticas, e de visões. Com o intuito de informar e inspirar este filme documentário partilha o processo pelo qual cada uma destas pessoas, que aceitaram partilhar os seus testemunhos, experienciaram os seus pontos de viragem e aprendizagens, e quais as suas visões para o futuro.
Estas pessoas, iniciativas, redes, associações, e grupos informais, são quem está a tecer o tecido onde é inscrita esta transformação. E, os seus discursos tornam claro ser cada vez mais urgente encontrar soluções. E, é com cada uma destas linhas, e destes percursos que se cruzam, que se fortalece e se torna visível a rede de interdependências deste processo de catálise em curso.
É esta a imagem que melhor representa o processo criativo de realização deste filme: uma rede em que todas as linhas inscritas formam e fortalecem o tecido; em que nestas trajetórias pessoais e coletivas, há pontos em comum, onde as linhas se cruzam. E, que são estes pontos desta rede que revelam a integralidade de todas as esferas de ação humana num mesmo plano, num mesmo tecido cívico. Considerando-se que, neste processo de inovação em curso, o que interessa não é tanto individualizar as práticas. Interessa, sim, a pluralidade na polifonia da temática da sustentabilidade, das estórias dentro da estória, em que cada pessoa tem voz e posição própria no mundo. Diferentes caminhos convergem num mesmo ponto. Revela-se essencial nos discursos, o querer rebentar a bolha deste paradigma, que parece ter posto o mundo ao contrário. E, mais que reagir, que se vejam grupos a agir, com visões e intenções que vão no sentido da redefinição de bem-estar.
O ‘É assim’, no início deste novo século, não pode ser assim. Quando se começa a questionar, percebe-se, sente-se: “Não faz sentido!” Os recursos naturais não podem continuar a ser retirados do seu local de origem e a ser transportados em zig-zag pelo planeta para que a humanidade lhes dê valor. A transição para uma sociedade equitativa é um processo de catálise diário. É no nosso dia-a-dia que as práticas e visões são visíveis.
E, este projeto, e este filme, mostra estes processos. Há que escolher, e arriscar, no sentido da visão comum de sustentabilidade integrada, de realinhamento dos poderes, e de foco nas soluções. É com aprendizagens como estas, e com cada vez mais trajetórias e pontos de viragem pessoais e coletivos, que o tecido que nos une se pode tornar mais resiliente e mais seguro. Sem esperar que haja um melhor momento, ou alguma aberta na neblina do mito do crescimento infinito. É agora, pela partilha de visão e de reconhecimento do valor da diversidade de estórias que prosperam no processo de inovação e de catálise, que podemos inspirar e ser inspirados a escolher. O que se encontra neste filme é, portanto, uma polifonia de estórias de pessoas que escolhem agir. O que se espera é que, da simplicidade da empatia, quem vê este filme se inspire a escolher coser a rede de um renovado bem-estar. Sem esperas.